Perguntinhas sobre Deus

Perguntinhas sobre Deus é uma canção composta e escrita por Atahualpa Yupanqui, aqui cantada por ele mesmo e por Angel Parra:

Perguntinhas sobre Deus

Atahualpa Yupanqui

Neste depoimento Atahualpa diz: “Eu fiz uma canção que me trouxe muita satisfação e muitas dores de cabeça também porque fiquei 100 dias preso por causa desta canção que se chama “Perguntinhas sobre Deus“:

 

Uma versão muito emocionante dessa canção foi interpretada por Angel Parra:

Perguntinhas sobre Deus

Angel Parra

 

Um dia eu perguntei:
Vovô, onde está Deus?
Meu avô ficou triste
E nada me respondeu.

Meu avô morreu nos campos,
Sem reza nem confissão,
E o enterraram os índios,
Flauta de bambu e tambor.

Uma vez eu perguntei:
Meu pai, o que sabe de Deus?
Meu pai ficou sério
E nada me respondeu.

Meu pai morreu na mina
Sem médico nem proteção.
Cor de sangue mineiro
Tem o ouro do patrão.

Uma vez eu perguntei:
Irmão, que sabes de Deus?
Meu irmão baixou os olhos
e nada me respondeu.

Meu irmão vive nos montes
E não conhece uma flor.
Suor, malária e serpentes
É a vida do lenhador.

E que ninguém lhe pergunte
Se sabe onde está Deus.
Pela sua casa não tem passado
Tão importante Senhor.

Eu canto pelos caminhos
E quando estou na prisão
Ouço as vozes do povo
Que canta melhor que eu.

Há um assunto na terra
Mais importante que Deus.
E é que ninguém cuspa sangue
Pra que outro viva melhor.

Que Deus vela pelos pobres?
Talvez sim e talvez não.
Mas é certo que almoça
Na mesa do patrão.

Eleuterio Galván

Eleuterio Galván é uma canção composta e escrita por Atahualpa Yupanqui, aqui cantada por ele mesmo e por José Larralde:

 

Eleuterio Galván

Atahualpa Yupanqui

 

Eleuterio Galván

José Larralde

 

Era una vida sencilla
La de Eleuterio Galván
Hombre ni joven, ni viejo
Tan pobre como el que más
Con dos hijos en la casa
Y otro perdido por ahí

Tenía un rancho chiquitito
Cerca del cañaveral
Bebía un vino dudoso
Que lo ayudaba a prosear
Lo demás era silencio
Y era cuando hablaba más

Las cosas no se emparejan
Cuando es duro el trajinar
Era una estrella pequeña
La esperanza de Galván
Soñaba con un caballo
Nunca lo pudo comprar

Varios fueron al velorio
Cuando se murió Galván
Peón de surco con un rancho
Cerca del cañaveral
Hombre ni joven, ni viejo
Tan pobre como el que más
Con dos hijos en la casa
Y otro perdido por ahí.

Atahualpa Yupanqui, o maior, o pai e mestre de todos

Los Hermanos

 

Las Preguntitas

 

En el Tolima

 

Héctor Roberto Chavero Aramburu, foi um cantador, violonista, poeta e escritor argentino, nascido no Campo de la Cruz, vilarejo rural de Juan Andrés de la Peña, município de Pergamino, ao norte da província de Buenos Aires, Argentina, em 31 de janeiro de 1908 e falecido em Nîmes, cidade no sul da França, em 23 de maio de 1992.
Filho de pais crioulos argentinos de antepassados basco e sírio, passou sua infância no município de Junín, onde seu pai era um ferroviário.
Aprendeu a tocar violão com o concertista Bautista Almirón, conhecendo e estudando as obras de Sor, Albéniz, Granado, Tárrega, Schubert, Liszt, Beethoven, Bach, Schumann…
Viajando pelos campos da Argentina, conheceu a música, os rítmos e os instrumentos populares argentinos.
Ainda adolescente, adotou o “nome artístico” de dois antigos soberanos incas, Atahualpa (Ata=vir, Hu=longe, Allpa=terra) Yupanqui (dizer, contar): “O que vem de longe terra, a dizer… a contar”.
Órfão de pai, tornou-se arrimo da família, trabalhando como jogador de tênis, lutador de boxe, jornalista, mestre de escola, tipógrafo, cronista, músico e, fundamentalmente, tornou-se agudo observador da paisagem e do ser humano.
Participou da fracassada rebelião dos Irmãos Kennedy em 1932 contra a Ditadura do General José Felix Uriburu (que tomara o poder constitucional por meio de golpe militar em 1930), exilando-se em seguida no Uruguai.
Retornando à Argentina, percorreu novamente o Altiplano em busca de testemunhos das velhas culturas aborígenes, inclusive em lombo de mulas.
Por ser filiado ao Partido Comunista, sua obra sofreu intensa censura por parte do Governo de Juan Perón (eleito em 1946), tendo sido detido e encarcerado várias vezes.
Em 1949 Atahualpa vai para Paris, onde, com apoio de Edith Piaf, torna-se conhecido e aplaudido, atuando então em toda a Europa. Voltando à Argentina em 1952, percorreu o país sempre buscando conhecer e aprender a música e a vida de seus conterrâneos do interior, pobres e oprimidos.
Na década de 1960, de intensa crítica e busca de identidades e raízes nacionais, suas canções se generalizaram no meio musical dos jovens artistas da América Latina, como Violeta e Angel Parra, Victor Jara, Alberto Cortez, Alfredo Zitarrosa e Jorge Cafrune, que o tratavam como “Don Ata”.
Entre 1963/1964 realizou uma turnê pela Colômbia, Japão, Marrocos, Egito, Israel e Itália.
Em 1967, após vários concertos pela Espanha, radicou-se finalmente em Paris, alternando estadias em sua fazenda (los pagos de su querencia) em Cerro Colorado, na província de Córdoba, Argentina, onde foram enterradas suas cinzas após seu falecimento em Nîmes, na França.

Mais informações sobre a biografia de Atahualpa Yupanqui podem ser encontradas no sítio da Fundação Atahualpa Yupanqui:

frontispício fundação atahualpa yupanqui 50%http://www.fundacionyupanqui.com.ar/ata-bio.html

El loco Antonio

Louco Antonio

Alfredo Zitarrosa

(Milonga)

ponte rio santa lucia zitarrosa 3

 

Milonga o que estás pensando?
O que tu vais contar?
Não me deixes com tristeza,
eu nisso não penso mais.

Disseste que eu a queria,
olhas que falas demais,
falas de Santa Luzia
21 anos mais atrás.

Ponte de ferro sobre o capinzal,
água sem rumo, como no mar,
a lua o abandonava
e se achegava à vizinhança.

O louco Antonio amava mais,
remos de madeira e barcaça,
as baixantes o encontravam
pensando e a fumar.

Atravessando a ponte, milonga,
te lembras há um lugar
onde a garça resmunga
ao lado de um manancial

Pensas que naqueles dias
que tu queres recordar
já estava em Santa Luzia
com sua ponte e seu canal.

Ponte de ferro sobre o capinzal.
Crescente como no mar,
a lua o abandonava
e se achegava à vizinhança.

O louco Antonio amava mais,
remos de madeira e barcaça,
as baixantes o encontravam
pensando e a fumar.

O louco Antonio amava mais,
remos de madeira e barcaça,
as baixantes o encontravam
olhando para o canal.

Yana taparaku

Yana Taparaku

Waskar Amaru

mariposas negras dos andes 2

A lânguida visão dos Andes
pôs em sua vida
a escuridão, a tristeza
que envolveu aquele dia
uma pequena mariposa
que vive na noite.
Caminha  e voa mariposinha,
mariposa da noite,
mas não me vás assustar…

Disse-me que sabes caminhar pelas noites,
mariposinha negra.
Cuidado que vais me assustar,
retratinho do Diabo.

Que lindo, vais a voar na noite
com a queninha e o charanguinho ao lado
e assim nós dois iremos na noite…

Voa, voa comigo,
deixaremos o encantamento,
voltaremos às nossas colinas,
voa… voa… mariposa…

A vida num átimo

Yana taparaku

waskar discos capas

Qué pena

zitarrosa capas de discos

Assim como Arthur Rimbaud, Paul Verlaine, Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Álvares de Azevedo, Castro Alves, Fagundes Varela, Paulo Leminski e tantos outros “loucos poetas” de seu tempo (diferentes de tantos outros “loucos poetas” mais racionais ou “sortudos” que viveram  e vivem como Carlos Drummond de Andrade, Atahualpa Yupanqui, Manoel de Barros, Mia Couto, uma vida terrena mais natural e menos “louca”), Waskar Amaru viveu apenas 40 anos e Alfredo Zitarrosa apenas 53 anos, idades precoces se comparadas às médias estatísticas deste século XXI.

Mas o mais importante é a obra, o que fica para os hermanos humanos contribuindo para o avanço do humanismo na trajetória histórica.

De cada um segundo suas possibilidades, a cada um segundo suas necessidades, já disse o alemão barbudo.

Alfredo Zitarrosa, cantador da alma uruguaia

A Vos Patria

El loco Antonio

Amanecer

Zitarrosa fotos

El Zita, o cantador do povo uruguaio

Autor compositor uruguaio, cantador das alegrias e tristezas de seu povo

Alfredo Zitarrosa (Montevidéu, 10 de março de 1936 — Montevidéu, 17 de janeiro de 1989) foi um cantor, compositor, poeta, escritor e jornalista uruguaio. É considerado uma das maiores figuras da música popular de seu país e de toda a América Latina. Nasceu Alfredo Iribarne, filho de Jesusa Blanca Nieve Iribarne à época com 19 anos de idade, no Hospital Pereira Rossell, em Montevidéu. Pouco depois que nasceu, Blanca entregou o filho para ser criado por Carlos Durán, homem de muitas ocupações, e sua esposa, Doraisella Carbajal, então funcionária do Conselho da Criança. O menino passa a ser conhecido por Alfredo “Pocho” Durán.
Começou a carreira artística em 1954, em uma emissora de rádio, como apresentador e animador, roteirista, e ator de teatro. Foi também escritor, poeta e jornalista.
Desde o início, estabeleceu-se como uma das grandes vozes da música popular latino-americana, com raízes claramente folclóricas. Cultivava um estilo e conteúdo varonil, e sua voz grossa e de um acompanhamento típico de violão tornaram-se sua marca registrada.
Aderiu à Frente Amplia (coligação de partidos da esquerda uruguaia), o que lhe levou ao ostracismo e depois ao exílio durante os anos da ditadura militar. Suas canções foram proibidas na Argentina, Chile e Uruguai durante os regimes ditatoriais que governaram esses países. Viveu depois, sucessivamente, na Argentina, Espanha e México, a partir de 9 de Fevereiro de 1976.
Revogada a proibição de sua música, como de tantos outros artistas na Argentina após a Guerra das Malvinas, instala-se novamente em Buenos Aires, onde realizou três apresentações consideradas memoráveis no Estádio Obras Sanitarias, em 1983. Quase um ano depois, regressou ao seu país, onde teve uma grande recepção no histórico 31 de Março de 1984, descrito por ele como “la experiencia más importante de mi vida“.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfredo_Zitarrosa

El Zita é conterrâneo, da mesma geração e estirpe de José Alberto Mujica Cordano, o Pepe Mujica, revolucionário e Presidente e também de Eduardo Galeano escritor e poeta, ambos cidadãos da República Oriental del Uruguay.

mujica fusca e casa

Galeano miscelanea

Waskar Amaru por Xavier Barois

(Tradução do Francês para o Português)

Por una guerra

waskar cantando ao violão 2 color balance vermelho

Paroles des Ameriques
WASKAR AMARU (1945-1985)
Um artista para descobrir ou redescobrir

par Xavier Barois

Autor compositor peruano, figura mal reconhecida da música andina na França

Redescobri este artista, ouvindo ultimamente os dois CDs intitulados “Canções e Músicas do Império Inca“, reedição em 1996 (EMEN – Uns pelos Outros) da série de quatro LPs 33 rpm publicados sob o mesmo rótulo com o título “Canções do Império Inca – Tawantinsuyu (4 Regiões)“, entre 1972 e 1981, discos de vinil que eu tinha procurado por esses anos.

fotos do xavier paroles amerique
Tendo tido a oportunidade e a honra de conhecer o artista, entre 1971 e 1973 (ver circunstâncias abaixo), depois de ter escutado novamente, com prazer e emoção, os discos acima mencionados, comecei, mais recentemente, a procurar na internet. Encontrei então as capas dos LPs 33 rpm acima citados (à venda em vários sites), descobri “A Epopéia de Tupac Amaru” (1977) assim como a música original composta por Waskar Amaru para a série de TV (FR3 – 1976 ) “Os índios da América“… etc. … Consciente de que eu sabia praticamente nada sobre a biografia de Waskar Amaru eu encontrei uma biografia resumida no site do “Wikipedia, a enciclopédia livre”:
http://es.wikipedia.org/wiki/Waskar_amaru
Lá, eu aprendi que sua vida foi particularmente curta: ele morreu aos 40 anos … Podemos ler que em 1972 (ele tinha então 27 anos de idade) diante da exploração comercial e desonesta de temas musicais andinos por certos grupos, ele decidiu intervir, musicalmente, cantando em Quechua, sobre temas tradicionais andinos, ou com sua própria composição. Era uma maneira de dizer: “Você quer a música Inca? Bem, é isso, em Quechua, na língua original! É muito mais autêntico do que aquilo que lhe é servido por estes grupos argentinos em Paris que se passam por Incas ou Andinos … “. Depois, ainda na internet, no ” Youtube”, encontrei outros elementos biográficos, em vídeo (online em 2011, ao que parece)

 (endereço no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=31wM5iIitiY)

 (endereço no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=AFrYmlHyO08)

Trata-se de um documento em vídeo em duas partes com cerca de 9 minutos e meio cada um (19 minutos no total). Somos, então, embarcados num carro pelas ruas de Paris, ao lado de Oscar Gutierrez (escrito “Gutierres”) “psicólogo instalado em Paris durante a década de 1960”, que é um frequentador da Câmara dos América Latina (onde o encontramos regularmente), como se pode ver na primeira imagem do documento, que é precedida pelo seguinte texto:cartaz da matéria do xavier barois sobre WASKAR AMARU

Este é Oscar Gutierrez que nós ouvimos e seguimos pelas ruas de Paris, começando com o Carrefour do L’Odéon (estátua de Danton), no Quartier Latin, com a seguinte frase no vídeo:

«A Paris onde viveu, percorreu e desapareceu, deixando um contributo que recentemente se começa a estudar.»

É difícil reconstruir tudo que é dito, pela boa razão de que à primeira audição não podemos entender tudo, porque a voz de Oscar Gutierrez é muitas vezes coberta pelos barulhos da rua, motores, buzinas, etc. bem como pela música de fundo. Eu não sei o que prevaleceu durante uma entrevista dentro de um carro, mas, francamente, não é o ideal! É necessário portanto escutar várias vezes, com grande concentração, para entender quase tudo, mas não tudo.
Na segunda parte, aprendemos que Waskar Amaru foi casado, teve várias mulheres em sua vida, que se separaram dele, e ele terminou sua existência em extrema solidão (morte solitária num quarto de hotel) … Oscar Gutierrez cita o nome de Catherine Saintoul que foi a esposa de Waskar Amaru e que também é autora de um livro (cuja capa reproduzimos) com o título “La novela indigenista andina – Racismo etnocentrismo y literatura “.
livro da catherine saintoul mãe dos filhos do waskar amaru
Catherine Saintoul: Este nome está ligado, em minha memória pessoal, a Waskar Amaru.
Eu abro portanto um parêntesis:

Memórias pessoais de Waskar Amaru (de 1971 a 1973)

  40 anos depois, o nome de Catherine Saintoul volta à minha memória, um pouco confusamente, ao mesmo tempo que um rosto, uma silhueta,de uma estudante de espanhol que eu já conhecia quando fazia os mesmos estudos, em licenciatura depois do mestrado em espanhol no campus Censier da Universidde Paris III – Nova Sorbonne, e no Instituto Hispânico da rua Gay-Lussac.
Pelo que me lembro, foi ela quem me fez conhecer Waskar Amaru em 1971, especialmente me introduzindo no restrito círculo de um concerto (privado) em um apartamento parisiense de acordo com a minhas lembranças (ou então num salão da Casa da América Latina), onde Waskar Amaru interpretou um certo número de canções em quechua, acompanhando-se ao violão. Waskar Amaru: era seu nome verdadeiro ou um pseudônimo? De início, Catherine Saintoul me apresentou como um descendente de uma ilustre família da nobreza inca.
Seria um descendente distante do famoso governante Inca Tupac Amaru II (1738-1781) que se levantou contra a colonização espanhola? me perguntei então.
Para ouvi-lo cantar naquele dia, não éramos muitos, talvez quinze pessoas. Deve ter sido pouco tempo antes do lançamento do primeiro LP 33 rpm da Série de LPs ”Canções do Império Inca -Tawantinsuyu (4 regiões)” Ao meu lado estava sentado Facio Santillan, um virtuoso da quena, então conhecido nos círculos da música andina em Paris. Eu estava (eu, jovem iniciante na quena) bem próximo a um dos mestres deste instrumento! Estava muito impressionado … Naquela tarde eu estava especialmente cativado pelo talento, voz e expressões faciais de Waskar Amaru pelos sotaques e sons consonantais marcados (incomuns para mim) das canções em quechua, através de seu jogo no violão vivo, enérgico, marcante.
Finalmente, eu me senti um pouco orgulhoso de ser admitido em um ambiente acessível no pequeno mundo. Catherine Saintoul já parecia fazer parte do círculo próximo de Waskar Amaru. Em seguida, de sua vida conjugal e familiar, eu não soube nada. Após este concerto, eu pude partilhar um pouco sobre Waskar Amaru e notar suas coordenadas então.
Um pouco mais tarde, em 1972-73, quando éramos alguns colegas prestes a terminar o curso (franceses e sul-americanos) formamos um grupo de música andina (três flautistas, um guitarrista, um charanguista e um bombista ocasionais*) tivemos o prazer de poder convidar Waskar Amaru a um dos nossos ensaios e ouvir seus conselhos. Ele veio com um pequeno bombo com o qual ele nos ensinou o batimento de alguns ritmos, sobretudo o “Huayno”, ritmo básico da música dos Andes. Eu ainda posso vê-lo, muito atencioso, envolto em seu casaco, marcando os tempos fortes de seu huayno “Bombito”, concentrado, rosto angular… Ele parecia bastante magro e parecia não ter boa saúde. Ele nos ensinou o tema final do célebre huayno “El picaflor” e também, acima de tudo, nos deu bons conselhos para um jeito simples para a quena, valorizando um som pleno e expressivo, sim, mas sem frescura ou trinados desnecessários, eu ainda me lembro… Então eu tive a sensação de estar na presença de um mestre.

*Thierry Saint-Gérand, Yves Grandfils e eu nas flautas (quenas, sikus), David Rothstein na guitarra, companheiros bolivianos ou peruanos de passagem, no charango, no bombo e/ou nas quenas e sikus. (Xavier Barois)

Oscar Gutierrez evoca o casamento de Waskar Amaru com Catherine Saintoul, uma jovem aristocrata francesa que viu nele um membro da nobreza inca. Eles tiveram dois filhos, mas os ruídos da rua não permitiram ouvir claramente quando Oscar Gutierrez disse se ele os reconheceu ou não … Parece que não … [Isto é surpreendente porque na França, as crianças nascidas de uma mãe casada a menos que elementos contrários convincentes/conclusivos em relação ao estado civil, ainda são considerados como nascidos de um casal].
Waskar Amaru seguiu inicialmente uma formação de arquiteto, mas é o ofício de autor compositor intérprete que o faz viver. Os primeiros anos são uma vida de artista bem cheia: espetáculos, excursões na França e na Europa, gravações, discos, rádio, TV, etc. Waskar Amaru, dando prioridade à sua carreira artística, aquilo ressentiu no seu casamento. Depois foi esquecido: não é contratado mais, ele não é mais convidado para vir e cantar aqui e ali em salas de concertos ou no rádio ou na TV … Ele canta e toca então em pequenas cafés de Marais e de Halles para sobreviver, e ele continua a descer até o baixo da ladeira … O alcoolismo… a auto-destruição … Catherine e seu divórcio… Seria ela quem teria tomado a iniciativa. Ela continua como professora de espanhol e vive em um subúrbio “chic” (Versailles?), ou melhor, ao lado de Saint-Germain-en-Laye, ela própria nascida de uma família nobre do lado do Loire. Com Waskar Amaru, ela descobriu a América do Sul, o Equador, por exemplo. Tudo isso tinha acabado.
Eu estava longe de pensar que Waskar Amaru deixaria este mundo tão prematuramente (1985)… Ouvimos de novo atentamente para escutar o que diz o narrador (sempre o ruído do tráfego e música de fundo), quando ele diz que ele viveu no hotel ao lado de Montmartre, sozinho, e que foi o porteiro que, preocupado em não mais vê-lo descer e subir com seu violão, fez abrir o quarto e lá, eles o encontraram sem vida, “frio já há muito tempo…”, acrescenta Oscar Gutierrez… Até que o Consulado do Peru reagisse, um pouco tarde, as autoridades francesas decidiram incinerá-lo. Catherine Saintoul manteve informados aqueles que o tinham conhecido, dos quais Oscar Gutierrez (durante uma vernissage)
Sobre o nome Waskar Amaru, seria um pseudônimo. De acordo com Oscar Gutierrez, ele era conhecido antes, quando era um jovem estudante (antes de sua vida artística), sob o nome de Wilfredo Melo, sem que se conheça, acrescenta ele, o nome de sua mãe.
O passageiro de trás pergunta a Oscar Gutierrez que gênero de música era aquela de Waskar Amaru. Oscar Gutierrez responde: seu canto, sua música eram tradicionais (de acordo com a antiga tradição Quechua), ele cantava como um pastor, como um agricultor… Não era a música da cidade, não era a canção urbana (mestiça). Não é então por acaso que ele ficou marcado por Atahualpa Yupanqui a partir de seu período de vida na Argentina (1964-1969), do qual ele teria mantido algum sotaque argentino, diz Oscar Gutierrez. Antes dele, Atahualpa Yupanqui já havia tido muito sucesso na França, expressando sua arte em dois registros (poeta-cancioneiro e guitarrista). Uma característica, a maior talvez da arte poética e cantada de Waskar Amaru, é que ele canta principalmente em quechua, a língua dos Incas (mesmo que ele cante, além disso, também em espanhol) e sua canção expressa a revolta frente às condições de vida causadas aos de seu povo, o povo Quechua, o povo Inca … Ele não suportava vê-lo assim empobrecido, dominado, marginalizado…
Desde o início da primeira parte do documentário, o narrador lembra o seguinte fato: quando Waskar Amaru chegou à França (1969), os imigrantes ou músicos exilados eram principalmente gregos, refugiados da ditadura dos coronéis na sequência do golpe de Estado em 1967. Ele cita, por exemplo, Mikis Theodorakis. Os músicos sul-americanos na França na época, como ”Los Incas”, eram em sua maioria argentinos, disse o passageiro no banco de trás. Oscar Gutierrez disse que “eles não eram de profissionais,” [se não eram no início logo se tornam! ] e acrescenta que Waskar Amaru considerava que grupos como aqueles lhe tinham aberto o caminho… [isso é discutível]…
No final da segunda parte do documentário, Domingo Huaman, pintor peruano residente em Bruxelas, qualificou o estilo de música e canto de Waskar Amaru como “folclore um pouco surrealista, um folclore abstrato…”. Mas… sempre os ruídos de rua o fundo musical… cobrem a voz do orador, por isso não me foi possível entender tudo o que ele disse…
Do meu ponto de vista este vídeo-documentário é realmente muito interessante, pois aborda numerosas facetas da vida de Waskar Amaru, e a idéia deste tipo de “peregrinação cultural” de carro nos lugares onde o artista viveu (do Odeon até Montmartre, parece) é em si mesmo uma bela ideia, mas por causa de todo o barulho supérfluo e a música de fundo muito alta, a simples audição e compreensão do que dizem Oscar Gutierrez e seu passageiro é consideravelmente complicada… É, na minha opinião, a principal falha deste vídeo-documentário.
É possível ao diretor corrigir o som do documentário aumentando o volume da conversa e diminuindo os sons parasitas?
O que não aborda este vídeo-documentário é a própria obra de Waskar Amaru, os textos e as melodias originais de suas canções, etc., tudo o que o artista deixa depois dele na herança cultural e espiritual, assim como seu lugar no Peru. Numa olhada em alguns sites e fóruns na Internet, neste momento, parece que a figura e a obra de Waskar Amaru suscitam um certo interesse hoje no Peru e talvez mais amplamente na América do Sul. Isso mereceria ser visto de mais perto, desenvolvido e comunicado tanto aqui como lá. Realmente é necessário, Waskar Amaru foi um dos primeiros (talvez o primeiro) a cantar inteiramente em Quechua, na França e na Europa, a vida dos povos dos Andes, num espírito de resistência da identidade andina frente às padronizações invasivas.

Xavier Barois
30 de março de 2013

Lembranças de um francês

 

Bajarás al pueblo

waskar cantando ao violão 2 autocolor

Paroles des Ameriques

WASKAR AMARU (1945-1985)
Un artiste à découvrir ou redécouvrir

par Xavier Barois

Auteur compositeur péruvien, figure méconnue de la musique andine en France

Je redécouvre cet artiste, en réécoutant dernièrement les deux CDs intitulés ‘‘ Chants et musiques de l’empire inca’’, réédition en 1996 (EmeN – Les uns par les autres) de la série des quatre 33T édités sous le même label, avec le titre ‘’Chants de l’Empire Inka – Tawantinsuyu (4 régions)’’, de 1972 à 1981, disques en vinyle que je m’étais procurés ces années-là.

fotos do xavier paroles amerique
Ayant eu la chance et l’honneur de rencontrer cet artiste entre 1971 et 1973 (voir les circonstances plus loin), après avoir réécouté, avec plaisir et émotion, les disques cités ci-dessus, je me suis mis, tout récemment, à chercher sur internet. Je retrouve alors les couvertures des pochettes des 33T précités (en vente sur divers sites), je découvre ‘‘L’épopée de Tupac Amaru’’ (1977) ainsi que la musique originale composée par Waskar Amaru pour la série télévisée (FR3 – 1976) ‘‘Les Indiens d’Amérique’’… etc. … Conscient que je ne sais pratiquement rien de la biographie de Waskar Amaru, je trouve une biographie résumée sur le site de ‘‘Wikipedia, la encyclopédie libre’’ : http://es.wikipedia.org/wiki/Waskar_amaru

Là, j’apprends que sa vie a été particulièrement courte : il est mort à 40 ans… On peut lire aussi qu’en 1972 (il avait alors 27 ans), devant  l’exploitation commerciale et malhonnête des thèmes musicaux andins par certains groupes, il a décidé d’intervenir, musicalement, en  chantant en quechua, sur des thèmes andins traditionnels, ou de sa propre composition. C’était une façon de dire : « Vous voulez de la musique inca ? Eh bien, en voilà, en quechua, dans la langue originale !

C’est autrement plus authentique que ce qui vous est servi par ces groupes argentins de Paris qui se font passer pour des Incas ou des Andins… ». Puis, toujours sur Internet, sur ‘’Youtube’’, je trouve d’autres éléments biographiques, en vidéo (mise en ligne en 2011, semble-t-il) :

Il s’agit d’un document vidéo, en deux parties de 9 mn 30 environ chacune (19 mn en tout). Nous sommes alors embarqués en voiture à travers Paris, aux côtés d’Oscar Gutierrez (orthographié ‘‘Gutierres’’) ‘’psycholoque péruvien installé à Paris depuis la décennie des années 60’’, lequel est un habitué de la Maison de l’Amérique Latine (où je le croise régulièrement) comme on peut le voir sur la première image du document, laquelle est précédée du texte suivant :cartaz da matéria do xavier barois sobre WASKAR AMARU

C’est Oscar Gutierrez que nous écoutons et suivons à travers Paris, en commençant par le carrefour de l’Odéon (statue de Danton), dans le Quartier Latin, avec à l’écran la phrase suivante :

« El París en el que vivió, recorrió y desapareció, dejando un aporte que recién se comienza a estudiar »

Il est difficile de reconstituer tout ce qui est dit, pour la bonne raison qu’à la première écoute on ne peut tout saisir, car la voix d’Oscar Gutierrez est souvent couverte par les bruits de la rue, moteurs, klaxons, etc. ainsi que par un fond musical. Je ne sais pas ce qui a prévalu pour un entretien dans une voiture, mais franchement ce n’est pas l’idéal ! Il faut donc écouter plusieurs fois, avec beaucoup de concentration, pour saisir à peu près l’ensemble, mais pas tout.

Dans la deuxième partie, on apprend que Waskar Amaru a été marié, qu’il y a eu plusieurs femmes dans sa vie, lesquelles se sont séparées de lui, et qu’il a fini son existence dans une solitude extrême (mort seul, dans une chambre d’hôtel)… Oscar Gutierrez cite le nom de Catherine Saintoul qui futl’épouse de Waskar Amaru, et qui est aussi l’auteure d’un ouvrage dont la couverture s’affiche à l’écran, avec le titre : « La novela indigenista andina – Racismo, etnocentrismo y literatura » (‘’Le roman indigéniste andin – Racisme, ethnocentrisme et littérature’’).

livro da catherine saintoul mãe dos filhos do waskar amaru

Catherine Saintoul : ce nom est lié, dans mon souvenir personnel, à Waskar Amaru. J’ouvre donc une parenthèse :

Souvenirs personnels de Waskar Amaru (1971 à 1973) 

 40 ans après, le nom de Catherine Saintoul me revient à la mémoire, un peu confusément, en même temps qu’un visage, une silhouette, d’une étudiante en espagnol que j’ai connue alors que je faisais les mêmes études, en licence puis en maîtrise d’espagnol à Censier, Paris III – Sorbonne Nouvelle, et à l’Institut Hispanique, rue Gay-Lussac.
D’après mes souvenirs, c’est elle qui m’a fait connaître Waskar Amaru en 1971, notamment en m’introduisant dans le cercle restreint d’un concert (privé), dans un appartement parisien selon mon souvenir (ou bien dans un des salons de la Maison de l’Amérique Latine) où Waskar Amaru a interprété un certain nombre de chants en quechua en s’accompagnant à la guitare. Waskar Amaru : était-ce son nom véritable ou un pseudonyme ? Au début, Catherine Saintoul me l’avait présenté comme un descendant d’une famille illustre de la noblesse inca.
Serait-il un lointain descendant du fameux chef inca Tupac Amaru II (1738-1781) qui s’est soulevé contre la colonisation espagnole ?, me suis-je alors demandé.
Pour l’écouter chanter ce jour-là, nous n’étions pas nombreux, peut-être une quinzaine de personnes. Ce devait être peu de temps avant la sortie du premier 33T de la série ‘’Chants de l’Empire Inka – Tawantinsuyu (4 régions)’’. A côté de moi était assis Facio Santillán, un virtuose de la khena, alors bien connu dans les milieux de la musique andine à Paris. J’étais (moi, jeune débutant à la khena) tout à côté d’un des maîtres de cet instrument ! J’en étais très impressionné… Cet après-midi-là, j’étais surtout captivé par le talent, la voix et les expressions du visage de Waskar Amaru, par les accents et les sonorités consonantiques marquées (inhabituelles pour moi) des chants en quechua, par son jeu à la guitare vif, énergique, percutant.
Finalement je me sentais un peu fier du fait d’être admis dans un milieu accessible à peu de monde. Catherine Saintoul paraissait déjà faire partie de l’entourage proche de Waskar Amaru. La suite, de leur vie de couple et de famille, je n’en ai rien su. A l’issue de ce concert, j’ai pu échanger un peu avec Waskar Amaru et noter ses coordonnées d’alors.
Un peu plus tard, en 1972-73, alors que nous étions quelques copains en fin d’études (français et sud-américains) qui formions un groupe de musique andine (trois flûtistes, un guitariste, un ‘‘charanguiste’’ et un ‘‘bombiste’’ * occasionnels) nous avons eu le plaisir de pouvoir inviter Waskar Amaru à l’une de nos répétitions et d’écouter ses conseils. Il était venu avec un petit bombo, avec lequel il nous a enseigné le battement de quelques rythmes, surtout du Huayno, rythme de base de la musique des Andes. Je le revois encore, très attentif, enveloppé dans son pardessus, marquant les temps forts d’un huayno sur son ‘‘bombito’’, concentré, le visage anguleux… Il paraissait assez maigre et ne semblait pas être en très bonne santé. Il nous a enseigné le thème final du célèbre huayno ‘’El picaflor’’ et aussi, et surtout, donné de bons conseils pour un jeu sobre à la khena, valorisant un son plein et expressif, oui, mais sans fioritures ni trilles inutiles, je m’en souviens encore…J’ai eu alors le sentiment d’être en présence d’un maître.Souvenirs personnels de Waskar Amaru (1971 à 1973)
* Thierry Saint-Gérand, Yves Grandfils et moi aux flûtes (khenas, sikus) ; David Rothstein à la guitare ; des copains boliviens ou péruviens de passage, au charango, au bombo, et / ou aux khenas et sikus. // Xavier Barois

Oscar Gutierrez évoque le mariage de Waskar Amaru avec Catherine Saintoul, jeune aristocrate française qui voyait en lui un membre de la noblesse inca. Ils ont eu deux enfants, mais les bruits de la rue ne permettent pas d’entendre distinctement quand Oscar Gutierrez dit s’il les a reconnus ou non…Il semble que non… [Ceci est étonnant car, en France, les enfants nés d’une mère mariée, sauf élément contraire probant versé à l’état civil, sont toujours considérés comme nés du couple marié].

Waskar Amaru a suivi au départ une formation d’architecte, mais c’est le métier d’auteur compositeur interprète qui le fait vivre. Les premières années, c’est une vie d’artiste bien remplie : spectacles, tournées en France et en Europe, enregistrements, disques, radio, TV, etc. Waskar Amaru donnant la priorité à sa carrière artistique, cela a dû se ressentir dans son couple. Puis, on l’oublie : on ne l’engage plus, il n’est plus invité à venir chanter ici et là dans les salles de concert, ni à la radio, ni à la TV… Il chante alors et joue dans les petits cafés du Marais et des Halles pour survivre, et il continue à descendre vers le bas de la pente… L’alcoolisme… L’autodestruction … Catherine et lui divorcent… Ce serait elle qui en aurait pris l’initiative. Elle continue comme professeur d’espagnol et vivrait dans une banlieue « chic » (Versailles ?) ou plutôt du côté de Saint-Germain-en-Laye, étant elle- même originaire d’une famille noble du côté de la Loire. Avec Waskar Amaru, elle avait découvert l’Amérique du Sud, l’Equateur par exemple. Tout ça, c’était fini.

J’étais loin de penser que Waskar Amaru quitterait ainsi ce monde si prématurément (1985)… On tend à nouveau l’oreille pour écouter ce que dit le narrateur (toujours les bruits de la circulation et le fond musical) quand il raconte que celui-ci vivait à l’hôtel du côté de Montmartre, seul, et que c’est la gardienne qui, s’inquiétant de ne plus le voir descendre et monter avec sa guitare, a fait ouvrir la chambre et là, ils l’ont trouvé sans vie, « froid depuis longtemps déjà… », ajoute Oscar Gutierrez… Le temps que le consulat du Pérou réagisse, un peu tard, les autorités françaises ont décidé de le faire incinérer. Catherine Saintoul en a tenu informé ceux qui l’avaient connu, dont Oscar Gutierrez (lors d’un vernissage).

A propos du nom de Waskar Amaru, ce serait un pseudonyme. D’après Oscar Gutierrez, l’intéressé était connu auparavant, lorsqu’il était jeune étudiant (avant sa vie d’artiste) sous le nom de Wilfredo Melo, sans que l’on connaisse, ajoute-t-il, le nom de sa mère.

Le passager arrière demande à Oscar Gutierrez quel genre de musique était celle de Waskar Amaru. Oscar Gutierrez répond : son chant, sa musique étaient traditionnels (selon la tradition ancienne quechua), il chantait comme un berger, comme un cultivateur… Ce n’était pas la musique de la ville, ce n’était pas la chanson urbaine (métisse). Ce n’est donc pas par hasard s’il est resté marqué par Atahualpa Yupanqui depuis sa période de vie en Argentine (1964-69) dont il aurait gardé quelque accent argentin, commente Oscar Gutierrez. Avant lui, Atahualpa Yupanqui avait déjà eu beaucoup de succès en France, celui-ci exprimant son art dans deux registres (poète-chansonnier et guitariste). Une caractéristique, la majeure peut-être, de l’art poétique et chanté de Waskar Amaru est qu’il chante surtout en quechua, langue des Incas (même s’il chante par ailleurs aussi en espagnol) et que son chant exprime la révolte face aux conditions de vie faites à ceux de son peuple, le peuple quechua, le peuple inca… Il ne supportait pas de le voir ainsi appauvri, dominé, marginalisé…

Dès le début de la 1ère partie du document, le narrateur évoque le fait suivant : lorsque Waskar Amaru est arrivé en France (1969), les musiciens immigrés ou exilés étaient surtout des Grecs, réfugiés de la dictature des Colonels suite au coup d’état de 1967. Il cite par exemple Mikis Theodorakis. Les musiciens sud-américains en France à cette époque, comme ‘‘Los Incas’’ étaient surtout des Argentins, précise le passager arrière. Oscar Gutierrez dit que « ceux-ci n’étaient pas des professionnels » [s’ils ne l’étaient pas au départ, ils le sont vite devenus ! ] et il ajoute que Waskar Amaru considérait que des groupes comme celui-là lui avaient ouvert la voie… [ça se discute]…

A la fin de la 2ème partie du document, Domingo Huaman, peintre péruvien résidant à Bruxelles, qualifie le style de musique et chant de Waskar Amaru comme un « folklore un peu surréaliste, un folklore abstrait… ». Mais…toujours ces bruits de rue et ce fond musical… couvrent la voix de cet intervenant, ce qui fait qu’il ne m’a pas été possible de saisir l’ensemble de ce qu’il a dit …

De mon point de vue, ce document vidéo est vraiment très intéressant, car il aborde de nombreuses facettes de la vie de Waskar Amaru, et l’idée de ce genre de ‘‘pèlerinage culturel’’ en voiture, sur les lieux où l’artiste à vécu (de l’Odéon jusqu’à Montmartre semble-t-il) est en soi une belle idée, mais à cause de tous ces bruits parasites et le fond musical trop sonore, la simple audition et compréhension de ce que disent Oscar Gutierrez et son passager en est considérablement gênée… C’est, à mon avis, le principal défaut de ce document vidéo.

Est-il possible au réalisateur de retoucher le son du document en augmentant le volume de la conversation et en baissant les sons parasites ?

Ce que n’aborde pas ce document vidéo c’est l’œuvre elle-même de Waskar Amaru, les textes et les mélodies originales de ses chansons, etc., tout ce que cet artiste laisse après lui en héritage culturel et spirituel, ainsi que la place de celui-ci au Pérou. A regarder certains sites et forums sur Internet en ce moment, il semble que la figure et l’œuvre de Waskar Amaru suscitent un certain intérêt aujourd’hui au Pérou, et peut-être plus largement en Amérique du sud. Ceci mériterait d’être vu de plus près, développé et communiqué, ici et là-bas. Vraiment, cela est nécessaire, Waskar Amaru a été l’un des tout premiers (peut-être le premier) à chanter entièrement en quechua, en France et en Europe, la vie des peuples des Andes, dans un esprit de résistance de l’identité andine face aux uniformisations envahissantes.

Xavier Barois
30 de março de 2013

Pequena história de uma vida

No es el viento


waskar cantando ao violão

Homo Loquens
Blog intercultural de periodismo, arte y literatura
jueves, 20 de marzo de 2014

WASKAR AMARU
Semblanza de un artista ayavireño en Francia 

por Mario Ramos Tacca

  1. Introducción

Su fisonomía, su nombre artístico y sus canciones reflejan un claro origen quechua. “Waskar Amaru” (serpiente gigante), el hijo predilecto que un día partió de Ayaviri hacia otras latitudes para triunfar en Argentina, Chile, Bolivia, hasta parar en Francia, país donde radicó hasta el final de sus días.

  1. Tras las huellas de “Waskar Amaru” en Ayaviri

Según nuestras averiguaciones, se trata de Wilfredo Melo, nacido en Ayaviri el año de 1945. Hijo de doña Jacinta Melo Muriel, natural de Orurillo.

Toda esta historia tiene su inicio en la turbadora idea de José Amaru Solórzano, joven abogado ayavireño, quien a través del facebook venía denunciando un aparente olvido y desconocimiento de “Waskar Amaru” por parte de propios y extraños en Ayaviri. Con el correr de los días, Miguel Mendoza, se apoderó seriamente de la idea y con su entusiasmo exacerbante desató toda una ola de notas y comentarios en las redes sociales que a todos hizo comprometer y proponernos conocer quién fue en realidad “Waskar Amaru”, rastrear su trascendencia artístico-musical y poder dedicarle en esta revista unas páginas a modo de semblanza póstuma.

Es cierto que en un principió no creímos en su estirpe ayavireña. No, porque nuestra ignorancia nos hizo pensar, que un personaje de esa magnitud, debía ser más bien puneño, antes que ayavireño. Sin embargo, rápidamente nos sacudimos de ese marasmo entorpecedor y nos pusimos a investigar consultando fuentes electrónicas, etnográficas, escritos, música, en fin, todo aquello que estuviera a nuestro alcance y nos proporcionase datos fidedignos acerca de Waskar.

En Ayaviri, no hay mucha gente que guarde recuerdos sobre Wilfredo Melo como hijo, familia, estudiante y artista. Son muchos los años que han transcurrido y es obvio que el olvido haya echado raíces en las mentes de nuestros compoblanos. Más aun cuando en la línea familiar de Waskar, los miembros, casi en su integridad, dejaron de existir y otros se trasladaron hacia Arequipa. Solo queda la casa que un día albergó a toda la familia Melo y que está ubicada en el cercado de la ciudad de Ayaviri (calle Pacheco Zegarra 225) y contadas personas de avanzada edad y familiares lejanos que todavía pueden hablar de él con precisión como sucede con la familia “Melo” en la actualidad.

Del mismo modo, hubo personas vinculadas al arte y la cultura ayavireñas que se interesaron por el tema y a través de su concurso los datos de que Waskar Amaru fue ayavireño era cada vez más contundente. Uno de ellos, es el ingeniero Anibal Loayza, quien además de corroborar el origen ayavireño de Waskar, con su picardía característica desafió nuestra tranquila existencia e hizo que encamináramos las averiguaciones sobre este personaje que en un primer momento aparece como un destacado estudiante de arquitectura en Argentina y luego un brillante músico en Francia.

  1. El ascenso y la fama musical de “Waskar Amaru”

Sobre “Waskar Amaru”, que es el precursor de la música latinoamericana en Francia, cuentan algunos peruanos radicados allí, sobre la fama e influencia de la que gozó nuestro personaje. El ingeniero Loayza que fue uno de los más destacados estudiantes que tuvo la provincia de Melgar en la década del 60, estudió ingeniería en Rusia. Él es uno de los que afirma haber espectado un concierto de Waskar en Suiza-Basilea allá por los años 78, 79. Sin embargo, es a partir del año de 1969 que la fama de Waskar inicia su recorrido hacia la cima más alta en Sudamérica con el grupo latinoamericano “Los charrúas”.

Entre los años de 1971 y 1972, el arte musical de “Waskar Amaru” se expande y experimenta serias influencias en los grupos musicales emergentes y consigue adeptos en muchos lugares de Europa. Fervientemente, es aclamado en teatros y escenarios de la Ciudad de la Luz. La gente se siente influida por esa música que llega al corazón. La radio, la televisión y la prensa europea lo reclaman insistentemente. Así, Waskar es invitado a presentarse en varios lugares donde se presencie amor por el arte musical andino.

En 1977 realiza una de sus grabaciones más influyentes de la época “Le’popee de Tupac Amaru”, donde podemos encontrar temas de claro cuño andino altiplánico cantados en español y quechua como “Yana Taparaku”, “Wawayki” muestra de canciones tradicionales. En los años siguientes, ensalzado por la fama, representa al Perú en numerosos concursos y festivales de categoría mundial.

  1. Las pesquisas emprendidas

Consultando, Wikipedia, la enciclopedia libre de internet, asegura que su origen es Juliaca, información que hoy corregimos con la siguiente crónica.

No es sencillo indagar en la vida de un personaje que hace muchos años salió de Ayaviri. Así que recurrímos a varias fuentes intentando recopilar información valedera sobre Waskar. Rápidamente, personalidades ligadas al arte musical altiplánico dieron respuesta a nuestro llamado a través de las redes sociales. Por ejemplo, en You tube pudimos conseguir valiosas evidencias, entre ellos, el disco que grabó en Francia “Le’popee de Tupac Amaru” 1977 (La epopeya de Tupac Amaru) y algunas apreciaciones sobre su arte musical.

  1. Los testimonios de parte

En la Internet, existen dos videos sobre la biografía de “Waskar Amaru” relatados por Oscar Gutiérrez, psicólogo peruano radicado en Paris desde el año 1960. En la introducción dice: “El París en el que vivió, recorrió y desapareció”. Cuando su interlocutor le pregunta sobre el origen de Waskar, él responde que su mamá era puneña y que pasó su juventud e infancia en Argentina, país en el que estudió arquitectura. En otro pasaje de la entrevista, el psicólogo afirma que Waskar consideró que tenía más futuro como artista que como arquitecto, así decide hacerse artista con claras tendencias musicales reivindicativas de la cultura quechua. Como artista, cautivó al público francés con su arte musical andino. Fue Atahualpa Yupanqui uno de los artistas a quien Waskar considera como su antecesor. Claro está que Yupanqui fue cultor poético y Waskar un músico comprometido con la reivindicación de la raza y lengua quechuas como se puede percibir en las letras de sus canciones, por ejemplo “No es el viento”. Asimismo, “Amor por los Andes” y “Canto de los pueblos” son otras de las tantas consignas expresadas en su acervo musical que lo acercan a la subyugada condición del poblador del ande.

Sobre la vida sentimental de “Waskar Amaru”, Oscar Gutiérrez nos habla de “las esposas de Waskar”, con lo que hace deducir que no fue solamente una la dichosa consorte que compartió el lecho sentimental de “Waskar Amaru”. Pero es Madame Catherine Saintoul, francesa de origen noble, la mujer con quien se casó y tuvo dos hijos. Su testimonio dice que se había casado con Waskar por considerarlo descendiente de la raza inca. Su fisonomía lo hacía ver como a un joven de cara delgada y pelo largo. Catherine, fue profesora de español y vivía en Versalles, pero debido a que Waskar fue absorbido por la adicción al alcohol, se divorció de él dejándolo en el abandono material y espiritual. 

  1. El triste final de sus días en Francia

Era obvio que un personaje sumido en el consumo del alcohol, rápidamente caería en el abandono total. Al padecer una penosa separación con su esposa, sus últimos días pasó desapercibido sin fama ni ovaciones. Vivió en la soledad de un hotelito en París. Después de su último concierto no salía de su habitación, sólo después de días lo encontraron frío en su cuarto del hotel. Había muerto solo y al no haber parientes que lo reclamasen, de inmediato, las autoridades francesas ordenaron su recojo e incineración en la ignorancia de mucha gente que lo conocía, en 1985

  1. Testimonios obtenidos de las redes sociales

Muchas personalidades del arte contemporáneo expresan su admiración por la música de “Waskar Amaru”. Aquí, presento tres testimonios del señor Omar Jáuregui quien en You tube indica lo siguiente: “Soy OMAR JÁUREGUI, cuando niño, viví en la ciudad de Ayaviri que es la capital de la provincia de Melgar en el departamento de Puno-Perú, ahí tuve la suerte de vivir en la casa de una humilde señora que se llamaba Jacinta, que era mamá de un jovencito llamado Wilfredo Melo; este joven me tenía mucho cariño y recuerdo que me subía a su cuello y me llevaba a pasear por “LA MOYA”, una planicie donde hasta la fecha se realizan ferias taurinas en el mes de septiembre. (mi comentario continua)”

“En ese entonces, compartimos escenario con otro músicos como los Hnos. Cabrera, el Quinteto Unión Edmundo Loayza y otros que no recuerdo. Es una pena que tan extraordinario músico haya desaparecido, no solo en el más triste abandono, sino también en el olvido, por eso debemos revalorar su producción y quienes tengan más canciones de él, deben publicarlo en este medio. Gloria a WASCAR AMARU”

“En el año de 1978, hizo una de sus tantas giras por el Perú y llegó a la ciudad de Arequipa que es donde yo radico actualmente; en esa oportunidad se hospedó en mi casa, yo me sentí fascinado, pues a mi también me gusta la música, entonces tuve la oportunidad y el orgullo de tocar con él y acompañarlo en los escenarios de Arequipa y hasta en un Programa de TV en el Canal 6 de entonces”.

Finalmente, don Omar Jáuregui, remata su semblanza del siguiente modo: “Este jovencito se fue a Francia y ahí adoptó el seudónimo o nombre artístico de WASCAR AMARU; en realidad él es de Ayaviri y no de Juliaca o Cusco como he leído en algunas publicaciones”.

Del mismo modo, el artista ayavireño, Juan Ciro Goyzueta Mendiguri radicado en Arequipa, expresa lo siguiente: “Empezó como “nueva olero” en los teatros de Ayaviri, luego desapareció más de 20 años. Cuando retornó lo primero que hizo, es buscarla a su mamá en el mercado donde vendía verduras. Ya como músico y arquitecto” Y al ser preguntado sobre proporcionar otros datos sobre la vida de Waskar Amaru, dice:“Con todo gusto, él es 4 o 5 años o más, mayor, de la familia MELO oriundos del pueblo. Existen familiares a los cuales podría sacarles más información de primera mano. Ya les comunicaré”

Como se puede apreciar, estamos frente a la figura de un brillante artista musical que con estilo y genialidad propios cantaba y recreaba canciones tradicionales del mundo andino-altiplánicos sobre el  pastoreo y la agricultura.

En la parte final de esta semblanza, presentaremos el testimonio de Domingo Huamán, un pintor peruano radicado en Bruselas-Bélgica,  quien asegura que “Waskar Amaru” gozó de una época de auge musical envidiable con el género latinoamericano, fue aclamado por todo el mundo. Además, menciona, el pintor, que cuando Waskar tuvo la oportunidad de visitar el Perú, por los años 80, 81; llenó la Concha Acústica de Marte en Lima con su multitudinaria presentación.

Algunos de sus seguidores en la internet, así lo recuerdan:

MANUEL ROMERO “tuve la oportunidad de escuchar a este cantante compositor por los años 73 en una gira que hizo en Perú y me impresionó su forma de interpretar las melodías autóctonas de los andes peruanos y lo defino como un precursor de la introducción de la música folclórica en Europa, nos enorgullece que un peruano haya hecho patria en un continente tan difícil como es Europa, el gobierno debería de enaltecer el nombre de este gran cultor de nuestra música”.

Del mismo modo, WILMER SKEPSIS finaliza diciendo: “De acuerdo, Waskar Amaru es uno de los pioneros en difundir la música andina en escenarios europeos, ya por los años 60 tocaba en Francia esta música, se hizo camino al andar, gracias a él y unos pocos que abrieron espacio en el viejo continente, hoy muchos grupos y artistas andinos triunfan. El Perú le debe mucho a este inmenso cantautor quechua”.

Finalizando esta versión parcial sobre la vida de “Waskar Amaru”, queremos dejar en claro, que aún queda mucho por seguir indagando sobre este magnánimo precursor de la música latinoamericana en Europa. Nos enorgullece saber su raigambre ayavireña. Y con este pequeño aporte, deseamos que en Ayaviri sigan naciendo más intérpretes y músicos de trascendencia. Es cierto que en la actualidad contamos con muy buenos artistas, cantantes y músicos de talla mundial, por lo mismo, es menester exaltar su incomparable performance en su debido momento.

Mario Ramos Tacca
20 de março de 2014